Ensino MédicoFaculdade de Medicina do GDF faz aniversário
Bruno Silva
Paulo Roberto Silva, coordenador do curso de medicina da ESCS: método de ensino revolucionário |
A Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), faculdade de medicina do GDF, completou 10 anos no último domingo. Pode ser pouco tempo para uma instituição de ensino, mas foi o suficiente para a faculdade se estabelecer como uma das referências nessa área, tanto em Brasília quanto no país. De acordo com os últimos dados do Enade, divulgados em 2007, a ESCS tirou nota máxima — 5 — e conseguiu a nona colocação entre as faculdades de medicina do país, com uma média de 72,9 entre os alunos que terminaram o curso — a melhor entre as instituições do DF.
À época de sua criação, a faculdade enfrentou algumas dificuldades para começar a funcionar. Em junho de 2001, dois meses antes da inauguração, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF) entrou com uma ação civil para proibir o funcionamento da instituição. No entanto, a liminar foi indeferida pela Justiça Federal. Além das brigas judiciais, o clima revelava certa animosidade por parte da comunidade acadêmica. “Havia um preconceito de setores universitários da cidade e categorias profissionais, que achavam que não deveria haver essa faculdade”, relembra Mourad Ibrahim Belaciano, diretor-geral da ESCS.
Parte disso se deve ao método pedagógico utilizado pela ESCS, que, apesar de bem difundido nas escolas de medicina mundo afora, era pouco conhecido no DF. A faculdade usa um sistema de aprendizagem baseado em problemas, no qual os alunos não têm aulas tradicionais, mas aprendem resolvendo situações em um determinado contexto. Com elas, os estudantes identificam o que já sabem e veem o que precisam estudar. “Nós não apresentamos conteúdo. Apresentamos problemas e os alunos vão buscar respostas para o problema. O curso nasceu inovador”, reforça Mourad.
Para trabalhar as resoluções dos problemas nesse contexto, a faculdade é integrada ao sistema público de saúde do DF. Desde o primeiro ano, os estudantes têm contato com pacientes e visitam os hospitais da rede. “Há uma inserção prática desde o começo do curso. Você aprende apenas o conhecimento que precisará usar durante a profissão. Isso tem se mostrado mais eficiente. Notamos que o aluno aprende mais”, ressalta o coordenador do curso de medicina da ESCS, Paulo Roberto Silva.
Hoje, a ESCS já formou cinco turmas e se expandiu, oferecendo, por meio de um vestibular anual, 80 vagas para medicina e 80 para enfermagem. Em cada curso, 32 dessas vagas (40% do total) são destinadas ao sistema de cotas. A classe que ficou entre as 10 melhores do país no Enade, em 2007, foi a primeira a terminar o curso.
Integração
O currículo integrado tem atraído os aspirantes a médicos, inclusive aqueles que moram fora de Brasília. A cada ano, a faculdade recebe muitos estudantes de Goiânia, como Nathália Régia, 21 anos, que veio para cá em 2009 e está no terceiro ano do curso. Antes de fazer o vestibular, ela diz ter recebido ótimas recomendações sobre a faculdade, até mesmo de quem não estudou lá. “Os profissionais da área dizem que os alunos daqui se preparam melhor”, relata a estudante.
Capacitação
O método de ensino da faculdade também atraiu Carlos Eduardo Lopes Bezerra, 20 anos, aluno do 3º ano. Ele passou em engenharia elétrica na Universidade de Brasília (UnB) e chegou a fazer os dois cursos simultaneamente. “Entrei aqui pela oportunidade de estudar medicina num método usado em faculdades como a de Harvard. Larguei a engenharia para continuar aqui.” Para ele, o diferencial da faculdade está na desenvoltura que os alunos têm com os pacientes. “Aqui, nós somos inseridos no serviço de saúde desde o começo do curso”, destaca.
Para o futuro, a ESCS pretende continuar capacitando não só alunos, mas professores de medicina, por meio de cursos de mestrado a distância. “Somos a única escola no Brasil capacitando 15 mestres na área de educação médica”, comemora Mourad. De acordo com o diretor, a ideia é expandir o número de profissionais da área de medicina que também lidam com educação. “Precisamos ressaltar a importância de profissionalizar a docência na educação médica”, aponta.
Método diferenciado
A aprendizagem baseada em problemas foi criada no fim da década de 1960 e implantada pela primeira vez no curso de medicina da Universidade McMasters, no Canadá. De lá, espalhou-se entre diversas faculdades de medicina no Canadá e nos Estados Unidos — entre elas, a conceituada Universidade de Harvard.
Semama de festa
Em celebração ao seu 10º aniversário, a ESCS organiza uma semana de palestras e uma mostra científico-cultural sobre os 10 anos da instituição. As solenidades começaram oficialmente ontem, com uma conferência do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, sobre os 22 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). Na sexta-feira, a Câmara Legislativa fará uma homenagem à faculdade, em sessão solene, às 19h.
Eu Estudante.
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